"Ele sorriu. Pelo menos, eu diria que era um sorriso. Enfim, de um leque de interpretações possíveis, eu sentia-me inclinado a achar que se tratava de um sorriso".
In Os Surfistas, Rui Zink
26.11.05
20.11.05
A (im?)parcialidade a que os comentadores da TVI nos habituaram
Acerca de uma falta cometida e não assinalada sobre Nani (jogador do Sporting), dentro da grande área, no jogo contra o Penafiel:
"Nani tem obrigação de aguentar esta entrada.."
"Nani tem obrigação de aguentar esta entrada.."
19.11.05
À minha janela
Levam
nos bolsos de cada um,
a esperança de todos.
qualquer outra aterragem,
diz a miragem,
será melhor porto de abrigo.
nos bolsos de cada um,
a esperança de todos.
qualquer outra aterragem,
diz a miragem,
será melhor porto de abrigo.
13.11.05
Conheci uma menina (XI)
Chego sem pressa. Às 5:47. Abro a porta com o desejo surreal e absurdo de que o sítio onde me encontro fosse uma qualquer cidade dos filmes, onde as pessoas são assaltadas à porta de casa. Subo as escadas de pedra devagar. 20, 30 anos. Subimos e descemos todos os dias e ainda não estão brilhantes e polidas como as pedras da rua. Mas as pedras da rua passam por mais vidas. Maior o desgaste.
-Mãe, cheguei.
-Oh filhota, tudo bem? Apanhaste nevoeiro? - pergunta com falsa preocupação. Estou em casa, de saúde: não quer saber de mais nada. São apenas perguntas do hábito. No fundo, só quer que eu diga que não apanhei nevoeiro e que, de qualquer modo, conduziria devagar.
-Não, e vim devagar, de qualquer maneira..-respondo sem paciência.
Finalmente, o meu quarto. Entro na toca, acendo uma luz fraca. Estou impestada de fumo. A minha roupa, eu e tudo à minha volta, tresanda a tabaco queimado, fumado. Desarrumo o quarto com aquilo que parece, a quem entra de repente, uma lixeira de roupa.
Não encontro o meu pijama e noto finalmente que alguém já dorme naquela que costuma ser a minha cama. Sorrio para dentro e para fora. O cabelo escuro, brilhante e encaracolado, não engana ninguém. Descubro por fim, o meu pijama, já vestido nela. Deito-me ao lado da Vera e finjo que o meu sono dura há horas. Talvez assim me prolongue aquilo que seria a manhã quente.
-Mãe, cheguei.
-Oh filhota, tudo bem? Apanhaste nevoeiro? - pergunta com falsa preocupação. Estou em casa, de saúde: não quer saber de mais nada. São apenas perguntas do hábito. No fundo, só quer que eu diga que não apanhei nevoeiro e que, de qualquer modo, conduziria devagar.
-Não, e vim devagar, de qualquer maneira..-respondo sem paciência.
Finalmente, o meu quarto. Entro na toca, acendo uma luz fraca. Estou impestada de fumo. A minha roupa, eu e tudo à minha volta, tresanda a tabaco queimado, fumado. Desarrumo o quarto com aquilo que parece, a quem entra de repente, uma lixeira de roupa.
Não encontro o meu pijama e noto finalmente que alguém já dorme naquela que costuma ser a minha cama. Sorrio para dentro e para fora. O cabelo escuro, brilhante e encaracolado, não engana ninguém. Descubro por fim, o meu pijama, já vestido nela. Deito-me ao lado da Vera e finjo que o meu sono dura há horas. Talvez assim me prolongue aquilo que seria a manhã quente.
Intoxicação 7
Reflicto, atento demoradamente nisto e chego sempre à mesma conclusão.
Acredito que a felicidade não é um estado. É talvez uma demonstração de inteligência por parte daqueles que sabem recolher daquilo que nos rodeia, tudo o que é bom. E páro. Penso de novo. A inteligência também não é absoluta. Reflicto. Deixo-me levar naqueles que são os fios de pensamento a que me habituei. Páro. Tem de haver uma quebra. Catarina, segue um caminho diferente. Sigo, penso, mergulho em mais nada. Na abstracção de tudo o que consegui.
Desisto. Assino por baixo. É a minha conclusão. Ou apenas uma das minhas eternas interrogações. Teremos todos a sorte de, um dia, num momento qualquer, não duvidarmos que a felicidade que sentimos é a maior do Universo?
Acredito que a felicidade não é um estado. É talvez uma demonstração de inteligência por parte daqueles que sabem recolher daquilo que nos rodeia, tudo o que é bom. E páro. Penso de novo. A inteligência também não é absoluta. Reflicto. Deixo-me levar naqueles que são os fios de pensamento a que me habituei. Páro. Tem de haver uma quebra. Catarina, segue um caminho diferente. Sigo, penso, mergulho em mais nada. Na abstracção de tudo o que consegui.
Desisto. Assino por baixo. É a minha conclusão. Ou apenas uma das minhas eternas interrogações. Teremos todos a sorte de, um dia, num momento qualquer, não duvidarmos que a felicidade que sentimos é a maior do Universo?
Perfeitamente incapaz de escolher título apropriado.
"-Eu também - diz ele. Com um tremidinho no olho e só espero do fundo do coração que não se ponha a chorar.
Resisto ao impulso de o ver pelo retrovisor. Quando chego ao primeiro cruzamento, vou a soluçar de tal maneira que tenho de enconstar à berma. Ocorre-me que nunca na minha vida me senti tão sozinha. Curvo na direcção de Wallingford e quando vejo o velho reservatório a aproximar-se sinto-me muito mais calma. Decido passar a noite em casa dos meus pais mas quando chego à entrada da interestadual já mudei de ideias. Viro para sul e vou para casa."
In Riding in Cars with Boys, Beverly Donofrio
Resisto ao impulso de o ver pelo retrovisor. Quando chego ao primeiro cruzamento, vou a soluçar de tal maneira que tenho de enconstar à berma. Ocorre-me que nunca na minha vida me senti tão sozinha. Curvo na direcção de Wallingford e quando vejo o velho reservatório a aproximar-se sinto-me muito mais calma. Decido passar a noite em casa dos meus pais mas quando chego à entrada da interestadual já mudei de ideias. Viro para sul e vou para casa."
In Riding in Cars with Boys, Beverly Donofrio
6.11.05
Conheci uma menina (X)
Soube, sem medo nem perdão possíveis que passaria a próxima semana comigo.
Entre fogo de artifício, bombas nucleares, furacões e tempestades, o meu peito sentiu tudo.
Neguei, neguei, neguei que te queria para mim. Mas a tua chegada, o pedido quase implorado de uma visita ao jardim Zoológico e o gelado de baunilha, deixaram-me estarrecida. Fora vencida por mim mesma.
Por isso nunca sei se és tu, Vera, essa outra parte que me vence; ou se sou apenas a alucinação que essa outra parte persegue.
Entre fogo de artifício, bombas nucleares, furacões e tempestades, o meu peito sentiu tudo.
Neguei, neguei, neguei que te queria para mim. Mas a tua chegada, o pedido quase implorado de uma visita ao jardim Zoológico e o gelado de baunilha, deixaram-me estarrecida. Fora vencida por mim mesma.
Por isso nunca sei se és tu, Vera, essa outra parte que me vence; ou se sou apenas a alucinação que essa outra parte persegue.
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