28.12.05

"Lisboa 4 ever"

Lisboa tem o Camões
Pessoa sentado a fumar
Lagartos e Lampiões
Na 2ª Circular
Tem a Ginjinha ao balcão
A Sé para nos guardar
E só para a confusão
Peixinhos da horta e do mar
(...)
Tem gente de todo o lado
Gente que traz, dá e leva
Um negrinho que gosta de fado
Pintou na parede «Saudade 4 ever»
(...)
Lisboa que é minha terra
Tem um banco de jardim
E o Tejo correu de desejo
Contigo juntinho de mim.

João Monge/João Gil

23.12.05

Love Should

Um feliz Natal a todos.

thanks god, for all you did not give us.

16.12.05

Se perguntarem por mim, digam que fui dormir.

Quando o olho direito começa a ficar apanhadinho e parece haver uma bolha prestes a explodir no cérebro, acho que há qualquer coisa que não está bem.
Acordada há 3 dias.
Estou quase quase a criar um fotolog.
E a ter um caniche.
E entretanto comexuh a xkeverih axinhe.

Oh, IST!

15.12.05

Intoxicação 9

é bom quando, debaixo da mesa, os pés se perdem dos chinelos.

"Companhia das 3 da manhã" ou "A altura em que comecei a ouvir Rita Lee tornou-me psicótica"

Desculpe o auê

Desculpe o auê
Eu não queria magoar você
Foi ciúme, sim
Fiz greve de fome, guerrrilhas, motim
Perdi a cabeça
Esqueça..

Da próxima vez eu me mando
Que se dane meu jeito inseguro
Nosso amor vale tanto
Por você vou roubar os anéis de Saturno

14.12.05

Intoxicação 8

A música que estou a ouvir é estranha.
Mas às 6 da manhã, tudo é estranho.
Há café? É que o Sol está quase a chegar.

13.12.05

Reflexão

E troco os dias pelas noites sem o medo (simpático, infantil e razoável) de perder a luz de vista. 'Nem a todos os que vagueiam lhes falta o rumo.' E nem a mim, que não o tenho, tive ou estou perto de ter.

E estou há quase três meses em casa. De início, pensei estar a mentir a mim mesma. "Como é que me posso sentir em casa se estou aqui há tão pouco tempo?". Mas não. Continuo na busca incessante de mim. Continuo na busca incessante de que me olhem. Que olhem com olhos de "porquê". (E eu a escrever isto, eu que sempre abominei ler sobre isto!). Faço-me difícil àquilo que não conheço, e muito mais, àquilo que me toca e assusta. É a minha natureza. Mas sou branda de orgulho e reconheço aquilo que me faz bem. E isto faz-me bem.
É muito complicado explicar aquilo que nos leva a manter um blog. Muito mais, será explicar o porquê de manter um blog durante 2 anos. Impossível, quase, de explicar o porquê de uma escrita tão pessoal e intimista, tão aberta ou fechada como a minha, a que se tem acesso público. Não é a necessidade de exposição, haveria métodos melhores e mais eficazes. Penso que seja um vício.
Parece-me bem então, que seja apenas ao fim de dois anos e tal, que escrevo aqui, o primeiro post em que sou só eu. É provável que seja aquele que ninguém lê. É tão provável que seja o que ninguém lê como é tão pouco provável que me olhem com olhos de ver. É muito melhor ler coisas metaforizadas. É muito melhor tentar encontrar um sentido em qualquer coisa abstracta. É muito melhor imaginar a Vera, sem encontrar explicações lógicas para aquilo que criei. É muito melhor admirar a Vera e admitir até que ela possa existir, do que admitir que existe alguém tão bom ou tão mau para a criar. É mais fácil, admitir a existência que não se entende do que aquela que se conhece.
Bem cedo, bem mais acima - as desistências. Mas nunca escrevi para ninguém ler. Mentira. A cegueira e perda de sentido levam-nos a desencontros connosco próprios e algumas vezes pensei que alguém tomava atenção àquilo que dizia. Mas somos todos tão egoístas que só ouvimos aquilo que dizemos; e muito mais, quando o negamos.

(Shhhh..sou uma diletante, uma amante e uma inconsistente.)

Oh-quero-lá-saber.

10.12.05

O bom dentro do péssimo (II)

Se até ontem havia alguma dúvida sobre quem devia ser vendido em Dezembro, Liedson desfez todos os equívocos.

8.12.05

heartbeats

One night to be confused
One night to speed up truth
We had a promise made
Four hands and then away
Both under influence we had divine scent
To know what to say
Mind is a razorblade
To call for hands of above to lean on
Wouldn't be good enough for me
One night of magic rush
The start: a simple touch
One night to push and scream
And then relief
Ten days of perfect tunes
The colours red and blue
We had a promise made
We were in love
And you, you knew the hand of a devil
And you kept us awake with wolves teeth
Sharing different heartbeats in one night

jose gonzalez - heartbeats

desiderata

"caminha placidamente por entre o ruído e a pressa, e lembra-te da paz que existe no silêncio. tenta, na medida do possível, estar de bem com todos. exprime a tua verdade com tranquilidade e clareza. escuta quem te rodeia, inclusive as pessoas desinteressantes e incultas; também elas têm uma história para contar. evita gente conflituosa e agressiva, que tanto mal faz ao espírito. se te comparares com os outros, poderás tornar-te amargo ou arrogante, pois haverá sempre alguém melhor e pior do que tu. regozija-te com as tuas conquistas e os teus projectos. mantém vivo o interesse pela tua carreira, por mais humilde que seja; é um verdadeiro bem nesta época de constante mudança. sê prudente nos teus negócios - o mundo está cheio de armadilhas. mas não feches os olhos à virtude que existe em teu redor, nem às pessoas que defendem os seus ideais e lutam por valores mais altos - a vida está cheia de heroísmo. sê tu próprio. acima de tudo, não sejas falso, nem cínico em relação ao amor que, face a tanta aridez e desencanto, se mantám perene como uma haste de erva. aceita com serenidade a passagem do tempo, sabendo deixar graciosamente para trás as coisas da juventude. cultiva a frça de espírito, para te protegeres de azares inesperados. mas não te atormentes a imaginar o pior. muitos medos nascem do cansaço e da solidão. mantém uma autodisciplina saudável, mas sê benevolente contigo mesmo. és um filho do Universo, como as árvores e as estrelas; tens todo o direito ao teu lugar no mundo. poderá não ser claro para ti, mas a verdade é que o Universo está a evoluir como previsto. é importante, assim, que estejas em paz com Deus, seja qual for a tua concepção d'Ele, e em paz com a tua alma, sejam quais forem os teus anseios e aspirações no ruidoso tumulto da vida. apesar de todos os enganos, dificuldades e desilusões, vivemos num mundo bonito. alegra-te. luta pela tua felicidade."

Max Ehrmann

7.12.05

Conheci uma menina (XII)

Saímos de casa sempre cedo, de manhã. Somos a única coisa a brilhar nesta rua.
Somos sozinhas. Esperámos pelo autocarro, como sempre. E como sempre, empalidecemos ao frio claro.
O teu casaco de tweed verde e o meu gorro cor-de-rosa davam nas vistas. Entramos para o calor que, agora cedo, ainda nao cheira a gente.
Chegamos não sei onde, a não sei que horas. Bebemos, a Vera e eu, um chocolate quente duma máquina de moedas. Importa pouco, o sítio onde estamos, porque não vejo mais nada.
Damos as mãos desenluvadas e andamos durante aquilo que me parecem 1 ou 2 horas.
Para quem passa, levo uma filha pela mão.
Para quem, como eu, olha para trás, é só uma miragem..

(E sigo pela Rua do Norte. Não faço ideia de para onde é o Norte, mas este é um sítio que importa. É bom.)

26.11.05

Outra passagem a que não sei dar título.

"Ele sorriu. Pelo menos, eu diria que era um sorriso. Enfim, de um leque de interpretações possíveis, eu sentia-me inclinado a achar que se tratava de um sorriso".

In Os Surfistas, Rui Zink

20.11.05

A (im?)parcialidade a que os comentadores da TVI nos habituaram

Acerca de uma falta cometida e não assinalada sobre Nani (jogador do Sporting), dentro da grande área, no jogo contra o Penafiel:
"Nani tem obrigação de aguentar esta entrada.."

19.11.05

À minha janela

Levam
nos bolsos de cada um,
a esperança de todos.
qualquer outra aterragem,
diz a miragem,
será melhor porto de abrigo.

13.11.05

Conheci uma menina (XI)

Chego sem pressa. Às 5:47. Abro a porta com o desejo surreal e absurdo de que o sítio onde me encontro fosse uma qualquer cidade dos filmes, onde as pessoas são assaltadas à porta de casa. Subo as escadas de pedra devagar. 20, 30 anos. Subimos e descemos todos os dias e ainda não estão brilhantes e polidas como as pedras da rua. Mas as pedras da rua passam por mais vidas. Maior o desgaste.
-Mãe, cheguei.
-Oh filhota, tudo bem? Apanhaste nevoeiro? - pergunta com falsa preocupação. Estou em casa, de saúde: não quer saber de mais nada. São apenas perguntas do hábito. No fundo, só quer que eu diga que não apanhei nevoeiro e que, de qualquer modo, conduziria devagar.
-Não, e vim devagar, de qualquer maneira..-respondo sem paciência.
Finalmente, o meu quarto. Entro na toca, acendo uma luz fraca. Estou impestada de fumo. A minha roupa, eu e tudo à minha volta, tresanda a tabaco queimado, fumado. Desarrumo o quarto com aquilo que parece, a quem entra de repente, uma lixeira de roupa.
Não encontro o meu pijama e noto finalmente que alguém já dorme naquela que costuma ser a minha cama. Sorrio para dentro e para fora. O cabelo escuro, brilhante e encaracolado, não engana ninguém. Descubro por fim, o meu pijama, já vestido nela. Deito-me ao lado da Vera e finjo que o meu sono dura há horas. Talvez assim me prolongue aquilo que seria a manhã quente.

Intoxicação 7

Reflicto, atento demoradamente nisto e chego sempre à mesma conclusão.
Acredito que a felicidade não é um estado. É talvez uma demonstração de inteligência por parte daqueles que sabem recolher daquilo que nos rodeia, tudo o que é bom. E páro. Penso de novo. A inteligência também não é absoluta. Reflicto. Deixo-me levar naqueles que são os fios de pensamento a que me habituei. Páro. Tem de haver uma quebra. Catarina, segue um caminho diferente. Sigo, penso, mergulho em mais nada. Na abstracção de tudo o que consegui.
Desisto. Assino por baixo. É a minha conclusão. Ou apenas uma das minhas eternas interrogações. Teremos todos a sorte de, um dia, num momento qualquer, não duvidarmos que a felicidade que sentimos é a maior do Universo?

Perfeitamente incapaz de escolher título apropriado.

"-Eu também - diz ele. Com um tremidinho no olho e só espero do fundo do coração que não se ponha a chorar.
Resisto ao impulso de o ver pelo retrovisor. Quando chego ao primeiro cruzamento, vou a soluçar de tal maneira que tenho de enconstar à berma. Ocorre-me que nunca na minha vida me senti tão sozinha. Curvo na direcção de Wallingford e quando vejo o velho reservatório a aproximar-se sinto-me muito mais calma. Decido passar a noite em casa dos meus pais mas quando chego à entrada da interestadual já mudei de ideias. Viro para sul e vou para casa."

In Riding in Cars with Boys, Beverly Donofrio

6.11.05

Conheci uma menina (X)

Soube, sem medo nem perdão possíveis que passaria a próxima semana comigo.
Entre fogo de artifício, bombas nucleares, furacões e tempestades, o meu peito sentiu tudo.
Neguei, neguei, neguei que te queria para mim. Mas a tua chegada, o pedido quase implorado de uma visita ao jardim Zoológico e o gelado de baunilha, deixaram-me estarrecida. Fora vencida por mim mesma.
Por isso nunca sei se és tu, Vera, essa outra parte que me vence; ou se sou apenas a alucinação que essa outra parte persegue.

Intoxicação 6

'Desta vez não te toquei o coração. Claro, como vivo nele..'

30.10.05

Conheci uma menina (IX)

Tinha as calças encharcadas da chuva que passava pelo chão. Chovia demais.
A Vera apareceu-me na faculdade. Trazia botins, com uns olhos grandes à frente. Galochas de sapo; e um chapéu de chuva transparente. Parecia-me bem. Faces rosadas do calor que fazia dentro do blusão de penas e as pernas frias, do vestido branco, curtinho.
Colo. Beijinhos. "Olá esta é a Vera!". Trouxe-me chocolates e bolos amassados dentro dos bolsos. As mãos estavam peganhentas do açúcar.
Ao meu colo, soou-me criminoso, não estares um momento que fosse, comigo. Mas soube, quando tiraste da mochila cor-de-rosa a carta que o Filipe te escrevera, na ânsia de ma mostrares, que muito em breve teria de te partilhar.
Achei uma atrocidade, até, que esta nossa unicidade pudesse algum dia perder-se, mas odeio bolos amassados. Soube então, que o dia de sermos duas, chegaria mais cedo do que aquilo que alguma vez previra ou desejara.

15.10.05

Intoxicação 5

Deixo-me às metades. Cá e lá.
E faz sentido lá, onde as pessoas andam porque têm onde ir e correm porque têm onde chegar.
Lisboa é francamente bonita. Embora toda a gente esteja demasiado embrenhada em si mesma para parar e rir de vez em quando.
Vêm de todo o lado e eu, vou.., sabe-se lá para onde.
Isto, pensei primeiro.

(Vejo a fonte luminosa, o aquário, as torres, e faço diagonais que não acabam. Ponho os óculos escuros; uma imperial, fumos, cadernos, civil, química, civil, química, civil. Café.
O 22 passou agora. Merda. Meia-hora.)

Depois, concluo que andamos todos à deriva e, talvez, eu seja só a mais descarada.
Juro, amanhã acordo cedo. Despertador às 8.00, mas para quê? Não como. Nunca respiro. Durmo, durmo, durmo, durmo.

Numa anestesia que me deixa mais feliz.

7.10.05

Conheci uma menina (VIII)

A Vera veio ter comigo. Via-se o Tejo e um homem grande, de ferro. Encontrou-me perdida nas suposições de que jamais estaria sozinha. Isto não é, de todo, a minha casa.
Mas quando for crescida vou ser Engenheira Mecânica, e isso é bom. Acredito.
Um dia vou ver a lua mais de perto e a Vera mais de longe. Não falta muito.
Falta o tempo da vontade, e o deixar de querer, minha querida Vera, que estejas sempre comigo.

20.9.05

Intoxicação 4

O leite nasce nos pacotes.

17.9.05

Intoxicação 3

Perder-me no fim.

16.9.05

Intoxicação 2

Gostar de desespero.

15.9.05

Intoxicação

Rir como quem perde.

9.9.05

Conheci uma menina (VII)

E desci as escadas do 2º para o 1º andar carregada de bagagem: malas, sacos, malinhas, mochilas.
Estava tudo tão pesado. Demasiado pesadas, as lágrimas.
Sentada no meu sofá estava a Vera. "Já não te consigo ouvir mais, minha pequena", pensei.
Tinha um vestido branco, o cabelo penteado e os olhos a confudir-se com o verde do sofá. Sentei-me perto dela, com a expressão de quem não tem paciência para birras.
-Vera, eu tenho de ir. O que é que querias?
-Ir contigo.
-Vera, vê se me ouves. Por mais minha que te sinta, não te posso levar assim. Não está bem.
Levantou-se, poderosa. Dona de si. Ficou parada, à espera que lhe pedisse desculpa ou que alguma vez reconsiderasse levá-la comigo. Não te levo. Nunca me dás o braço a torcer mas eu sou mais orgulhosa que tu. São mais anos de orgulho. Deixa-te estar. Um dia venho ter contigo de novo. Para a semana..
Saio porta fora e a Vera pega na mochila cor-de-rosa. Dás-me a mão e seguimos viagem juntas, como sempre.

5.9.05

Poderosas

Nós, as Katrinas, somos assim!

2.9.05

Rimas VI

Bom dia flor do dia!

31.8.05

Mais um mês, não é Patrícia?
Já voltavas. Temos saudades.

29.8.05

Itinerante.

Arrepiante. Impressionante. Distante.
Adiante.
Constante. Inconstante. Sufocante. Brilhante.
Gigante. Sussurante. Rastejante. Cintilante. Importante. Irritante.
Amante.
Ignorante. Dante. Farsante.
Borbulhante. Frustrante.

O mastigar das palavras tira-lhes o sentido.

Faz de conta que escrevi alguma coisa inteligente.

28.8.05

Rimas V

Então, coração?

8.8.05

De ego confuso.

Deixa lá. Sim. Não ligues. Não ligo. Desliga. Desligo.

Conheci uma menina (VI)

..E depois de tudo o que rimos, deixo-me adormecer ao teu lado. Aninhas-te na minha curva da cintura e passo-te os dedos no cabelo, a pentear-te.

A Vera passou aqui em casa hoje cedo. Vinha tão feliz que não tive coragem nem descaramento de lhe falar sobre o que sentia. Até porque não entenderia. De qualquer forma, seria uma boa ouvinte. Sabe ouvir, aquela miúda. Abre os olhos verdes, fixa-os nos meus, e fica assim. Fala só de vez em quando, quando lhe peço opinião.
Disse-me que era maluca por gelatina de morango e fiz-lhe a vontade. Saímos de casa de mãos dadas. Ela, pequenina, de vestido branco, com uns óculos de sol amarelos. Eu, maior, perdida de mim e achada nela. Fomos de mão dada ao super-mercado comprar gelatina. A Verinha quis voltar para casa logo que pagámos a nossa sobremesa; e atravessámos a rua a correr. Como duas doidas. Contou-me que vira o Filipe na praia e que estiveram a brincar juntos. Estava radiante, os olhos quase a saltar das órbitas. Fiquei deliciada.
Preparámos tudo e quando a Vera decidiu que a gelatina devia ser virada como as panquecas, escancarámos o riso ao pensar em quantos pedaços a nossa sobremesa estaria dividida por toda a cozinha.
Tomámos banho de mangueira na varanda das traseiras, jogámos na minha velhinha Mega Drive e ficámos a cantarolar a música que acompanhava o Sonic.
Mostrei-lhe uns cd's. Feist, Jamie Cullum, John Lennon. Morreu de amores pela Imagine, e adormecemos a cantar Imagine all the people..living for today..

A voz, não é de certeza o seu ponto mais forte. Desafina, a minha pequenina.
Mas nem o John Lennon alguma vez cantou tão bem.

30.7.05

Conheci uma menina (V)

Nunca a tinha visto assim. Encontrei-a no jardim ao lado da escola. Estava suja dos pés à cabeça pequenina. O vestido outrora branco com uma mancha de gelado, quase puído. Os caracóis sem o brilho habitual daquele cabelo escuro. Tudo ao contrário.
Sentámo-nos na relva áspera e desejei mais que tudo naquela altura que a seca fosse uma miragem. A relva estaria macia. Viva.
A Vera começou a contar-me, antes de lhe perguntar o que quer que fosse, que perdera 3 botões do vestido e que a mãe lhe dissera com uma expressão severa, ironicamente falsa, que não havia problema. Sentira-se, então, culpada.
Fiquei na dúvida daquilo que eu própria sentia. Senti a estupidez toda e o absurdo de não ser eu a mãe daquela Vera. Que me caíra na vida com o mesmo impacto de um meteorito e o encaixe de água entre areia. Mas sabia que não gostava de miúdos. Toda a vida o dissera.
Disse-lhe: "Oh Verinha, não sejas tola. Vamos comprar um vestido. Branco, pode ser? Nunca te vi de branco."
E depois quase morri de espanto quando a Vera me respondeu: "Adoro a tua imperfeição."

25.7.05

Sina

Esperam-me 3 dias a ver bifas de banhas à mostra, holandeses bêbedos, ingleses bêbedos e bifas de banhas à mostra.

É óbvio eu sei.
Algarve here we (hic!) go. (hic!).

24.7.05

Rimas IV

Brinde:

Ao nosso shot, ao teu decote, e que nunca vás pró sexy hot apanhar no pacote!

22.7.05

Rimas III

Como é, bebé?

Conheci uma menina (IV)

Encontrei a Vera na rua. Ia sozinha. Correu para mim quando me viu. Devíamos estar a uns 100 metros. Tropeçou nas pedras irregulares do passeio, caiu e esfolou os dois joelhos. Sangrou imenso e eu dei-lhe lenços para estancar a ferida.
Fomos comer um gelado, talvez a acalmasse. Está de férias faz tempo e não tem andado feliz, faz tempo também. Trouxe-lhe um Corneto Soft de Avelã e sentámo-nos. A Vera continuava a tremer e estava visivelmente nervosa. Soltou o corneto das mãozinhas quentes e pequenas deixando-o aterrar no vestido branco. Fomos embora..
Dei-lhe um abraço apertado, não sufocante. Expliquei-lhe que não fazia mal e que estas coisas acontecem de vez em quando. E fui ficando com a camisa encharcada do seu abraço.
Então a minha Verinha explodiu. Gritou-me que era uma desastrada, que não podia fazer nada como os amigos, que estragava tudo aquilo em que mexia. Tinham tanto medo aqueles olhos.
Sorri-lhe, achei piada.
Não estava a rir-me dela, estava a rir-me com ela. No choro dela. Estava a rir naquele choro. Partilhámos a mesma alma durante 3 segundos.
E proferi finalmente: "Vera tu não podes ser diferente de mim. Está em ti.".

Rimas II

Oh flor, dá pra pôr?

Rimas I

Oh menino, campainha ou sino?

15.7.05

Os malfadados exames

Posso dizer que a partir de hoje e até Setembro (pelo menos), estou VERDADEIRAMENTE de férias. Esgotaram-se as remotas hipóteses de ter de ir à 2ª fase de exames!
Passei a tudo e agora, quer entre na 1ª, 2ª ou 3ª opção dos cursos que escolhi, não há nada que possa fazer para alterar o rumo das coisas.
Estou sem nada para fazer.
Nada.
Nada.
Nada.

Nadinha.
Mesmo nadinha.
MESMO NADA!

6.7.05

Hoje!

Sei que não traz nada de novo a ninguém mas apetece-me escrever aqui que há já algumas semanas (quatro) que não me sentia tão leve e aliviada. Que o facto de o último exame até me ter corrido bem ainda me deixa mais despreocupada.
Estou de férias, finalmente.

Se acreditasse em auras e coisas do género, diria que a minha aura está branquíssima!
Vou aproveitar o estado de espírito e viver só por e para mim.



Volto um dia destes. Loura, de cabelo rapado, vegetariana, bronzeadíssima e tudo e tudo.
Bom Verão!

4.7.05

Sabes ou não sabes?

Eu sei que já escrevi sobre isto antes mas não faz mal.

Continuo sem perceber qual é a ideia daqueles que fingem saber tudo. Tu perguntas "ah..e isto..conheces?". Conhecem sempre. Mas é que não há nada que não conheçam.

Aqui há uns tempos até fiz um teste. Inventei uma marca de roupa e perguntei a uma amiga se ela conhecia e/ou gostava da tal marca. E não é que a rapariga era fanática!?..

26.6.05

A amiga feia

Como diz o Dinay, em todos os grupos de amigas há sempre a "amiga feia". É a mais velha, a gorda, a feia e é aquela que leva o carro.
Depois de uma noite destas, percebi finalmente que só me falta mesmo o exame de condução para o estatuto ser oficial.

18.6.05

outro dia 18

Deixo para ti o que nunca te dei. Dei. Mas nunca te fiz sentir o que dava. Deixo-te toda a minha confiança, toda a minha paz. Que nunca te mostrei, mas que sabias (eu sei que sim!) que te estava prometida.
Um ano depois, sei que não houve outro dia tão triste, outro dia em que me fizesses tanta falta. Sei que não houve outro dia em que me custasse tanto aguentar tudo. O Sol, o vento, os choros. Fazes a falta do básico. Eras tão básica à minha volta. Fazias parte das pedras, parte dos meus ossos, de tudo o que fui até àquele dia. E às vezes eras má. Fazias de mamã. Como se tivesses o direito! (e tinhas, tinhas todo!). As vezes que me irritaste com o feitio provocador, o olhar de quem põe e dispõe das coisas como quer e lhe apetece.
E é por me teres feito sentir revolta e amor que me fazes tanta falta.
É por isso que um ano depois não estás enterrada em mim.

1.6.05

Patrícia.Gerberas.Pátricinha.Meu doce.

Porque é que se dá os sentimentos aos familiares quando uma pessoa morre?

Ninguém percebe que sentimentos têm eles de sobra..?
Que expressão infeliz.

Em Setembro de 2004, num fim de tarde qualquer, quando cantámos. Patrícia.

Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim
Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será que você está
Agora?

Eu perco as chaves de casa
Eu perco o freio
Estou em milhares de cacos
Eu estou ao meio
Onde será que você está
Agora?


Adriana Calcanhoto - Metade (1994)


Os mortos não lêem blogs. Digo eu. Mas o blog é meu e eu escrevo o que quiser..

30.5.05

Conheci uma menina (III)

A tarde estava serena e bonita. E quente, quando as nuvens se decidiam a passar.
Sentei-me, enfim, no chão do jardim do hospital. Santa Maria é um sítio calmo. Com uma paz arrepiante por fora. Grande e impessoal.
Estiquei as pernas num acto de inutilidade e absoluta impotência. E fez-me falta alguém que me gritasse.
A Vera apareceu então, vestida de cores berrantes. Fez-me doer os olhos.
Vinha felicíssima. Trazia na mão um molho de flores lilases. Quando me viu, correu na minha direcção, atirou-se-me ao pescoço e fez-me cair para trás. E ficámos com as ervas secas coladas à roupa triste. Ria muito e queria falar ao mesmo tempo.

A Vera está cada vez mais bonita. O que, de todo, não lhe garante absolutamente nada.

28.5.05

Where to?

Com o aumento dos impostos do tabaco a ir directamente para a área da saúde, será que não vamos chegar a um paradoxo?
-Oh Sr. Dr., então que é que me receita para estas dores..?
-Hm..receitar..receitas..Olhe, fume muito! (que eu preciso de umas férias nas Bahamas..)

19.5.05

O bom dentro do péssimo

Há sempre alguma coisa boa a retirar das coisas más: neste caso, o bom é que, pelo menos nos próximos meses não vamos ver/ouvir a Maria José Valério todos os dias na televisão.

15.5.05

Shit happens.

Tive que vir para casa cedo.
Em todo o lado onde entrava, era um cheiro a naftalina que não se podia..
Coisas!

12.5.05

Conheci uma menina (II)

Hoje a Vera voltou lá à escola. Eu estava a rir-me às gargalhadas quando me viu. Quase se assustou e fez aquele gesto de quem se esconde atrás da saia da mãe. Dei-lhe algum espaço. Assim que lhe sorri saltou-me para o colo e deu-me imensos beijinhos. Estava na hora da conversa..A escola corre-lhe bem, é uma miúda inteligente. O que dá sempre jeito, mas que, espero não lhe venha a dificultar a vida mais tarde. Tem 79 amigos, segundo me contou. E fez um sorriso maroto, piscando, ao mesmo tempo, os olhos grandes: "Mas há o Filipe..".

7.5.05

Carnaval@TheSky

Há exactamente 3 meses atrás, estava a passar a melhor 2ª-feira de Carnaval de sempre!

Os Lugares de Lume

Há Dias

Há dias em que julgamos
que todo o lixo do mundo
nos cai em cima
depois ao chegarmos à varanda
avistamos as crianças correndo no molhe
enquanto cantam
não lhes sei o nome
uma ou outra parece-me comigo
quero eu dizer :
com o que fui
quando cheguei a ser luminosa
presença da graça
ou da alegria
um sorriso abre-se então
num verão antigo
e dura
dura ainda.


Eugénio de Andrade
de Os lugares de Lume

3.5.05

Uhuh

Vi-me no meio de uma corrente blogueira, e como tal, vou responder ao Sykor:

* Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Acho que seria a Aparição, de Vergílio Ferreira.

* Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Claro! Pelo Harry Potter, pelo Benjamin, pelo Rafael Santa-Maria, e pela mulher que aparece na vida da personagem principal de "As palavras que nunca te direi".

* Qual foi o último livro que compraste?
Física- Preparação para a prova de exame 12º ano!, como livro técnico de estudo.. de resto "Felizmente há Luar", de Sttau Monteiro-brilhante!

* Qual o último livro que leste?
Felizmente há Luar, Sttau Monteiro.

* Que livros estás a ler?
-"Cosmos", Carl Sagan (oferecido por ti, Sykor)
-"Fazes-me falta", Inês Pedrosa
-"Aparição", Vergílio Ferreira
-"A rapariga de Pequim", nao sei de quem

* Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
-"O Principezinho", Saint-Exupery
-"Poeta (às vezes)", não me lembro de quem
-"Harry Potter e a Ordem da Fénix", J.K.Rowling
-um livro em branco
-o livro dos sonhos - I'm in Love with a Popstar. (digam o que disserem, faz sonhar..)

* A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?
A ninguém. Quero ver se agora que acabei aqui a corrente morro de uma terrível electrocussão 10 horas depois de postar!

22.4.05

Conheci uma menina.

Conheci uma menina chamada Vera. Tem 10 anos, cabelo escuro, encaracolado, uns olhos grandes, verdes e um sorriso bonito. A Vera vai ser uma fada quando crescer, diz ela. Não acredita no Pai Natal nem em tudo o que se lhe diz. Num dos nossos últimos encontros disse-me "Vou à bruxa. Tenho de saber tudo. Tenho de saber o que se passa.". Perguntei-lhe porque é que não recorreria a uma fada, e ela respondeu-me, descontraída e convicta, como se acreditasse piamente naquilo que estava a dizer "O quê? Das coisas más tratam as bruxas!". Perguntei-lhe de que coisas más ela estava a falar, e a Vera abriu muito aqueles olhos chegando a assustar-me. "Aquilo!Aquilo!Aquilo!Aquilo!Aquilo!". Daqueles poços de sinceridade desceram duas lágrimas grandes e salgadas. E daquelas mãos pequeninas e quentes, um abraço forte. Um agarrar-se a mim como não tinha sentido e ao ouvido, disse-me "Não sais mais daqui..Eu sou a Vera."

15.4.05

E agora?

Estou a pensar seriamente em tornar-me vegetariana.




Vivam os transgénicos!

2.3.05

Duvido..

..que haja muitas coisas piores que a sensação de estupidez total e absoluta. Talvez algumas. Mas não muitas.

26.2.05

Facilidades

Há pessoas que deviam ter um ecrã de LCD no lugar da cara. Escusávamos de as ouvir e só lia quem queria..

23.2.05

Descobri!!!

..que a concentração mais baixa de QI entre as 10h e as 12h, as 15h e as 17h, as 19h e as 21h, é numa salinha cheia de luzes tipo árvore de Natal. E isto é o horário das aulas de código.

22.2.05

Quero saber..

qual é a melhor sensação do mundo?

22.1.05

Estrela Decadente

"..Se eu beber dessa luz
que apaga a noite em mim..
E se um dia eu disser
que ja' não quero estar aqui.."

Excerto de "Sara Tavares - Eu sei", mas não sei quem é o autor.

Carpe Diem. Já diria Ricardo Reis naquela filosofia tão estupidamente pensada.

14.1.05

Hoje "Tomai lá do O'Neill.."

Pretextos para fugir do real

A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços
*
Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos



Alexandre O´Neill
Poesias Completas
1951/1981
Biblioteca de Autores Portugueses
Imprensa Nacional Casa da Moeda