22.7.05

Conheci uma menina (IV)

Encontrei a Vera na rua. Ia sozinha. Correu para mim quando me viu. Devíamos estar a uns 100 metros. Tropeçou nas pedras irregulares do passeio, caiu e esfolou os dois joelhos. Sangrou imenso e eu dei-lhe lenços para estancar a ferida.
Fomos comer um gelado, talvez a acalmasse. Está de férias faz tempo e não tem andado feliz, faz tempo também. Trouxe-lhe um Corneto Soft de Avelã e sentámo-nos. A Vera continuava a tremer e estava visivelmente nervosa. Soltou o corneto das mãozinhas quentes e pequenas deixando-o aterrar no vestido branco. Fomos embora..
Dei-lhe um abraço apertado, não sufocante. Expliquei-lhe que não fazia mal e que estas coisas acontecem de vez em quando. E fui ficando com a camisa encharcada do seu abraço.
Então a minha Verinha explodiu. Gritou-me que era uma desastrada, que não podia fazer nada como os amigos, que estragava tudo aquilo em que mexia. Tinham tanto medo aqueles olhos.
Sorri-lhe, achei piada.
Não estava a rir-me dela, estava a rir-me com ela. No choro dela. Estava a rir naquele choro. Partilhámos a mesma alma durante 3 segundos.
E proferi finalmente: "Vera tu não podes ser diferente de mim. Está em ti.".

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