9.9.05

Conheci uma menina (VII)

E desci as escadas do 2º para o 1º andar carregada de bagagem: malas, sacos, malinhas, mochilas.
Estava tudo tão pesado. Demasiado pesadas, as lágrimas.
Sentada no meu sofá estava a Vera. "Já não te consigo ouvir mais, minha pequena", pensei.
Tinha um vestido branco, o cabelo penteado e os olhos a confudir-se com o verde do sofá. Sentei-me perto dela, com a expressão de quem não tem paciência para birras.
-Vera, eu tenho de ir. O que é que querias?
-Ir contigo.
-Vera, vê se me ouves. Por mais minha que te sinta, não te posso levar assim. Não está bem.
Levantou-se, poderosa. Dona de si. Ficou parada, à espera que lhe pedisse desculpa ou que alguma vez reconsiderasse levá-la comigo. Não te levo. Nunca me dás o braço a torcer mas eu sou mais orgulhosa que tu. São mais anos de orgulho. Deixa-te estar. Um dia venho ter contigo de novo. Para a semana..
Saio porta fora e a Vera pega na mochila cor-de-rosa. Dás-me a mão e seguimos viagem juntas, como sempre.

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